terça-feira, 21 de julho de 2009

Coelheira

E todo o mundo cheira a uma coelheira!
O cheiro do mijo e das caganitas na palha
Entre o cheiro a erva fresca com a de outros dias que se acumulam.
Vibram no ar os aromas que exalam os seres peludos e orelhudos
Antíteses cerebrais.
Sabe-se que não param de copular no escuro,
Escondendo atrás de portas velhas ou telhas encostadas às paredes
As novas gerações.

(Umas vezes excessivamente asséptico com o cheiro penetrante da creolina,
Outras vezes pestilento sabendo-se a sarna no ar,
Mas sempre o mesmo.)

Dá-me vontade de ser peludo e cagar aqui mesmo uns pedaços de mim!

Dá-me vontade de esvaziar a bexiga e montar logo a coelha que se me apresentar entre o cheiro fresco a ureia!

A ração humedece pelo chão e parece caganitas descongeladas,
A razão humedece pelo mundo fora e as ideias são ração pelo chão da coelheira.
Só comem merda os coelhos,
Mas nem sempre há erva onde os donos vivem, ou não é suficiente, ou é demasiado natural,
Sem os excessos nutritivos e o desequilíbrio da ração.

Os coelhos são muito fáceis de matar:
Seguram-se pelas patas traseiras e com a outra mão aberta,
Dá-se um golpe seco na nuca...
São muita pele no fim de contas.
Despem-se e são quase nada.


Savonlinna

21.07.2009

João Bosco da Silva

1 comentário:

s0ninha d0s lim0es disse...

Nao tens aparecido..... as saudades sao inevitaveis, pah...
you know us poets, stick together.
Mas fikas a saber k n tens substituicao possivel ;)


E gostei deste poema.
Sempre soube k eras meio rabbit. lol


beijinho!*