segunda-feira, 23 de julho de 2007

Aforismos Intempestivos

Quando a erudição nos é apontada como defeito, estamos rodeados de ignorantes. Saímos como ser superior que somos e vamos para a companhia de quem é do nosso nível – nós próprios.

Quando o homem não vence como homem, torna-se besta violenta... iludam-se aqueles que pensam que o erudito não é capaz de maiores atrocidades que o pobre ignorante. “Partir-te-ei a mandíbula inútil, pois se não lutas com palavras, vou arrancar-tas para todo o sempre...levarei esse inútil osso como trofeu, já que falas com punhos.” Coragem de incauto!

Se a arte é uma perda total da razão, uma entrega à incoerência das palavras, ou um uso destas como prostitutas... não sou artista, sou filósofo. È a filosofia uma arte? Ou o oposto?

Racionalização? Não, é apenas a sublimação, não de frustrações, mas de um ser grande de mais para este mundo pequeno e ridículo que se julga não uma amostra insignificante, mas a população total do universo imensurável.


De onde sou? Onde pertenço? Quem me considera como um deles? Sou apenas do mundo, não daquele que eu conheço, mas daquele que me torna pequeno e sempre incompleto por maior que seja o meu esforço em me tornar universal.

Quem me inveja só pode ser inferior a mim! Eu não me invejo e com isto, ultrapasso-me.

Falas com punhos? Desculpa, mas não me dou a sensações dolorosas desse tipo. Traz-me uma mulher...aí, dar-me-ei a liberdades sensoriais.

Tenho pena... mas afinal, todos somos o que escolhemos ser. Afinal sou feliz pelas escolhas que tenho feito.

Invejem-me! Eu vos digo que sou um verme e com isto farei de vós algo ainda inferior... sois quase tudo se estais próximos do nada? Não? Então qual é o vosso objectivo?

O mundo seria muito melhor se os mentecaptos tivessem a felicidade de considerarem o suicídio como a única coisa útil que eles pudessem fazer pela humanidade. Suicidem-se, façam esse favor!

As minhas palavras são adrenalina? Não! São apenas caracteres que alguém toma por algo inteligível. É a cólera algo inteligível? Compreendeis o que digo?

Tenho pena... mas afinal, dá-me igual que não me considereis um de vós. Afinal sois pouco mais que algo... eu não sou tão exigente. Sou apenas.

Agradeço-vos! Muito obrigado! O esforço de anos é afinal recompensado, quando há quem tenha dormido e agora se sente violentado pelo sucesso. Asseguro-vos, não foi tão exigente como parece e só mesmo quem é uma pedra, inerte, não sucede.

Rio-me com ar de quem goza? Não! Apenas me rio... O resto acrescentais vós perante a vossa mísera condição de frustrados. Tenho pena... mas afinal...

Sou maior? Sou melhor?... Já vos tinha dito que me odeio? Se não sois melhores do que eu... pobre existência a vossa! Como não cedeis ao suicídio?

Somos do tamanho dos passo que damos... a minha sombra cobre-vos? Não temais em sair do vosso ninho.

Odeio tudo quanto esteja fora de mim. E se não o odeio, é porque posso entrar nele.

Tenho sono? Não! Estou apenas exausto de me tentar encolher para caber no vosso mísero espaço... como podeis ser tão pouco exigentes... convosco mesmos?

Pensar torna-nos infelizes... e não pensar de todo? Pedras! Antes ter dias angustiado que ter dias e dias a rolar pela existência até me gastar.

João Bosco da Silva

03:29 a.m.
21/07/2007