terça-feira, 7 de abril de 2009

Um Baloiço na Lua

Será para sentir um pouco da minha alma
Dentro delas, sedentas de algo mais... ?
Entro e saio e de alma nem rasto.
Só sente o que o corpo lhe manda que sinta,
Isolada nela, cega que conhece o mundo
Por mensageiros que não ouve.
Se pede ao corpo que sinta
É para sentir pensando que sentiu.
No corpo nada dura.

Abrem-se os olhos e o mundo existe,
Fecham-se e todo ele entra dentro de nós,
Irreal, incompleto, remendado pela imaginação.

Entro em ti ou nela,
E o estremecimento final é o mesmo:
Uma sacudidela forte de cão molhado,
Secando o meu corpo da água que me incomoda.
Ando todo o dia com água no pelo,
Desde que acordo e me cai o dia em cima
E me arrasto por ele,
Encharcado de mim.

O mundo era maior
Quando os limites do meu mundo
Me cabiam fora dos limites da imaginação.
Tudo podia ser isto ou aquilo,
Isto e aquilo, nem isto nem nada...tudo!
Limitei a imaginação com a realidade!
A mão pequena agarrava mais mundo
Quando de mundo tinha menos.
A mão cansada apenas pó leva
Dos lugares por onde passou.

Agora mãos femininas, umas suaves,
Outras duras e brutas,
Agarram-me e fazem-me livre,
Livre de um pouco de mim que lhe enche a boca
De palavras que nunca serão ditas.
Não sou feliz no momento,
Não sinto e é tudo;
Anulo-me no corpo de alguém,
Limitado no meu, sem tédio...
... Dou uma volta no baloiço da Lua.


07-04-2009

Savonlinna

João Bosco da Silva

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