quinta-feira, 12 de março de 2009

Nem Sempre Há Nuvens no Horizonte

Sentado numa das poucas manhãs que são minhas,
De café em punho e sol a vestir-me os sentidos de raridade,
Sinto-me mais completo que um saco cheio de nada.

Sem mais desejos que o de sorver a goles lentos o café forte
Que me acorda para o dia sem promessas,
Encaro a luz que me faz contrair a pupila
Como o tempo que me faz contrair a vida.

Dilate-se o peito e multipliquem-se os encontros com a felicidade!

O branco cinzento dos dias passados
Parece hoje branco verdadeiro,
Prenhe de beleza estéril e desolada esperança encoberta.

Hoje tenho vontade de viver!
Acordei outro que não aquele com quem me deitei.
Gosto deste de pouca dura...
As nuvens brevemente se cruzarão com o sol,
O café está acabado, a chavena já está fria
E o mundo já me chama aos meus deveres
Que não estiveram incluídos no contrato para a vida,
Assinado antes de ter dedos para isso.


12-03-2009

Savonlinna

João Bosco da Silva

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