quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

En la cerveza la verdad – te quiero rubia!

Nietzsche defendia que se ama o prazer, não o objecto desejado. Eu por outro lado digo que se ama o prazer que o objecto “amado” nos proporciona. Se amamos alguém, não é esse alguém que estamos a amar, é o prazer que nos proporciona. Se ao estarmos longe do objecto amado, sofremos, não é por amor, ou saudade, mas por privação do prazer, da sensação que nos providenciava, é como um toxicómano a quem falta a sua “amada” droga.
Oh, mas é tão bom mistificar as coisas, torna-las espirituais, demasiado humanas, quando ninguém é tão humano tal se concebe o humano. Somos muito mais animais e menos racionais do que pensamos e inventamos ideias abstractas para nos elevar-mos acima da simplicidade animal que nos preenche.
Há quem ame, mesmo aquilo que o faz sofrer. Há gostos para tudo e há quem sinta prazer das mais estranhas formas, o que para um é doce, para outro é enjoativo, há quem goste do ácido, do amargo, da melancolia e da solidão...dá-lhe prazer.
Somos apenas uns egoístas viciados, dependentes das portas do corpo para deixar entrar aquilo que afinal dá alento à existência, não a vontade do poder, mas a vontade do prazer.
Porque não amamos algo cuja existência desconhecemos, nem odiamos? Porque nunca nos passou pela opinião dos sentidos. A razão é apenas algo que nos veste o animal que afinal somos. Não passamos de cães vestidos à procura de algo ou alguém que nos afague o pêlo escondido por baixo dos tecidos industriais.
Estranha lucidez selvagem se apossou de mim e me rasgou o disfarce sociocultural com que me foram vestindo para me ver ao espelho, nu... e o que vejo é um humano, um macaco pelado... em verdade, menos do que um dia foi.


João Bosco da Silva
16/07/2007

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